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Mostrando postagens de setembro, 2015

Puerpério

Faz parte de deveras construir em si um ser, admitir verdades profundas e ocultas. Precisamos entrar em contato com as coisas recônditas que passamos e que imaginamos. Com tudo que tememos, precisamos fazer um pacto. É preciso perdoar as coisas. Deixá-las ir por vezes, por outras vezes fazê-las ficar, mas por fim encontrar-se com tudo. Me parece que sempre que estou prestes a me confrontar com as minhas questões, prenuncio. Ontem mesmo estava estranha, como quem pairou no ar do dia. Distraída. Em estado puerperal. E hoje pela manhã, em conversa com um amigo, o encontro nasceu. Entendi o quanto as minhas relações tem sido regadas de passado, memória e rancor. Percebi em mim uma tendência quase que infantil de ser aceita e amada por todos. Precisei perdoar isso. Não me entendo lá muito bem com meu pai e sinto que reflito isso em todos os outros homens. Meu pai não me entende. Quero que todos me entendam. Meu pai não me aceita, quero que todos me aceitem. Meu pai me acusa

Alteridade

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Já faz um tempo que me sinto instigada a escrever história. História de quando me descobri gente, negra, mulher. História de quando me encontrei com o lado ruim de tudo isso, pra descobrir que pra tudo de mal nesse mundo existe o bem em oposição e que lutando por esse lado a vida vale de ser vivida. E foi assim que descobri certas particularidades de ser parte, de ser gente. Alteridade. Foi quando me encontrei com os medos fóbicos da humanidade que deixei de ver opressores e passei a enxergar coitados, que tem medo de gente que pensa, gente que fala, gente que não concorda mas que não fica de mal por causa disso, gente que é certas coisas que nem se escolhe, mas que nem por isso deixa de dar orgulho, gente que não é rica,  gente que é negra, gente que é mulher, gente que é gorda. Coitados como vivem aprisionados? Como sofrem com o pânico de virar a esquina e se deparar com gente diferente do que passa na TV... como sofrem com o pânico de virar uma esquina e se deparar com eles mesmo

Você Não Vai Passar

Você não vai passar de um cara Que nunca tomou conta de mim Você não vai passar dos anos Que esteve dando voltas por aí Você não vai passar com a dor Quando me flagrar dando sopa, dando sopa por aí Você não vai passar de um cara Que nunca tomou conta de mim Você não vai passar dos anos Que esteve dando voltas por aí Você não vai passar Ava Rocha