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Mostrando postagens de setembro, 2014

Gesso

Parece que algumas pessoas são simplesmente mais fortes do que outras. Algumas conseguem superar as pequenas adversidades da luta diária de cada fase da vida, outras não. É como se ficassem sempre no limite. A um passo do sucesso. A uma etapa da conquista. A margem da sociedade. A margem de si mesmas. A beira do abismo. A história dessas pessoas não é contada nem aos filhos na cama à noite, nem aos alunos na escola. É como se não existissem. É como se não existisse. Histórias sobre o fracasso. Histórias de pessoas que não vivem seus amores, não se formam, não tem perspectivas. Pessoas as quais não resta nada além de um dia de cada vez. São fracassos por formação e por definição. Camufladas em meio às outras pessoas, vão ficando para trás. Cada dia a mais é um dia a menos. Nada de planos, passeios nem sonhos. Só um dia de cada vez. Sem ir pra frente nem para trás. A essas pessoas se dão os restos e os rótulos, as bulas e as leituras. E mais margem, mais beira, mais limite. Nem se teme

Carta

Querido meu amor, Como está sendo essa temporada? Já vão trocando as estações e há quase três semanas não tenho notícias suas, a não ser pelo sábado de manhã que te vi passar na rua tão rápido, que só pude conferir que ainda te desejo. São exatamente 434 horas 30 minutos e 06 segundos, 07 segundos, 08 segundos... o tempo tem se arrastado e ainda faltam meses, talvez anos, o tempo que for preciso. Estou esperando, mas preciso te falar dessa inconstância que tem sido algumas dessas horas. Tenho desabafado com todo mundo que posso, é como contar a todos um crime pra não desaparecer no meio da noite e ninguém perceber o por que. Esse é meu medo, me perder sem lutar. E que principalmente você não saiba onde fui ou por que e pense ter sido abandono. Não te abandonaria, nunca abandonei ninguém. E você tem muito mais do meu amor do que muita gente já teve, você nem imagina o quanto. Sei que na verdade essa tempestade não tem nada que ver com você, e isso dói, se dependesse de mi

A face feia do amor...

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A face feia é a dor. De repente tudo dói. Tudo sofre. Tudo sangra. Acordar de manhã deixa de ser um momento de gratidão pra virar dor. Alimentar-me deixou de ser um prazer e virou dor... Ver-me o corpo no espelho, banhar-me passa a ser de uma solidão imensa. E os sorrisos, como custam caro. Um apenas nasce como num parto. Quantos suspiros, e como chove o dia. Só chuva, aguaceiro, lama e raios. Me torno uma pessoa ingrata, desgostosa, calada, exigente, vítima. O amor me deixa feia. Do modo como está. Com a distância, a impossibilidade. Tem sido um desperdício de vida. Uma adolescência fora de época. Bem dramática, como quando os poetas morriam de amar. Sofriam e definhavam por amor, dor... Porém, vejo que toda essa cena, todo espetáculo trágico Logo mais não passará de um pequeno vazio no meio de uma vida perfeita. Capaz de arrastar os dias e os meses. Mas é só não haver entrega que isso passa. As coisas se alinham, limpamos as lentes e tudo pode ser visto com mais clareza