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Mostrando postagens de junho, 2021

Escrita II

  Eu soube recentemente que não escrevo poemas, as vezes são crônicas, outras vezes eu mesma chamo apenas de textos. Mas acho poema uma palavra tão bonita que intento que o que escrevo se torne um, algum dia. Eu te acho muito bonito também. Assim como a palavra poema. Ou poesia, que é outra palavra que além de bonita me faz pensar nos seus olhos. Se você me flagrasse agora pensando nos seus olhos, certamente me diria sorrindo algo impudente e toda a poesia do momento seria um Gregório de Matos, e e u detesto quando você faz isso, sinto meu amor rejeitado, jogado no chão e chutado por uma criança risonha e birrenta, que só quer brincar e correr loucamente. Mas raramente digo algo, apenas cato meu amor Lispector que você acidentalmente ou propositalmente derrubou, limpo a fuligem e o pó do chão, digo que vou guardar com mais cuidado, e não dividirei algo tão elaborado com essa criança que reside em você. Que só mostrarei ao homem em quem as vezes você vem, mas sei que quase sempre que el

Escrita

  Eu escrevo uma poesia, toda vez que penso em dizer que eu te amo.  Entendi que deixar certas palavras no mundo é um ato de amor mais poderoso do que confessá-las a poucas pessoas.  Se meus poemas tocarem um alguém, que tocar alguém, que tocar alguém e esse ultimo alguém for você, eu te terei tocado, e com isso terei dito que te amo.  Talvez, para te tocar mais rápido eu devesse escrever músicas. Por que você ouve música o tempo inteiro. Mas eu não sei escrever músicas, eu escrevo poemas. E não sei com qual frequência você os lê. Não os meus que eu quase nunca te mostro, mas os de alguém que foi tocado por alguém como você, e decidiu escrever. Como eu.

Chuva Ácida

O mundo está pegando fogo, sabe? Está tudo insuportável, todo mundo diz o que quer quando pode ficar calado e fica calado quando deveria dizer algo. Tocaram fogo, literalmente, em vários ônibus... tem um bairro todo sem água, não tem vacina. Tem gente fazendo festa na mesma proporção que tem gente fazendo velório. A TV se diverte mais com tudo isso do que diverte a gente. O presidente é genocida, mas é só a ponta do iceberg. Está todo mundo um pouco assassino, um pouco suicida. E eu queria que a gente tivesse definição. Queria já estar rica deitada num palacete, num quarto com uma grande porta de vidro pra varanda, vendo a chuva cair com você no meu peito. Os sonhos dos pobres parecem simples. Mas por alguma razão assustam os ricos. Nem é com dinheiro que a gente sonha É com o momento ininterrupto. É a gente deitado sem nada que nos obrigue a levantar senão vontade. A chuva não molha a casa, não tem hora de trabalho que nos comprometa a subsistência. Não temos que cuidar de nada nem ni