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Mostrando postagens de 2014
Pra onde foram as forças? A vontade de viver? A perspectiva de avanço e de melhora? Pra onde se foi a resistência? O crescimento e o progresso? A vontade de vencer? De onde vem tanto cansaço e desânimo? O corpo quebrado a mente estafada? De onde vem tantas lágrimas e angústia? Onde estavam guardados esses soluços? Como faço pra me livrar de tudo isso que não era meu? Se não me pertencia pra onde devolvo? Como lidarei com isso tudo se agora for tudo meu? Como faz pra puxar o ar e encher o peito? Para quem se pede socorro, se humilha e implora compaixão? Para quem além de Deus? Quem além de Jeová será meu ajudador? Meu próprio Deus me consolará. Me segurarás com força e certeza e me afagará nas minhas dores. Não me deixará sozinha, sem ajuda. Olhará para mim na minha pequenez e Ouvirá um fio de voz que tem saído da minha boca todos os dias. Mostrará ser meu consolador e quem me abraça nos dias de maior aflição E nos dias da dor sem explicação. Segurará a minha mão e

Gesso

Parece que algumas pessoas são simplesmente mais fortes do que outras. Algumas conseguem superar as pequenas adversidades da luta diária de cada fase da vida, outras não. É como se ficassem sempre no limite. A um passo do sucesso. A uma etapa da conquista. A margem da sociedade. A margem de si mesmas. A beira do abismo. A história dessas pessoas não é contada nem aos filhos na cama à noite, nem aos alunos na escola. É como se não existissem. É como se não existisse. Histórias sobre o fracasso. Histórias de pessoas que não vivem seus amores, não se formam, não tem perspectivas. Pessoas as quais não resta nada além de um dia de cada vez. São fracassos por formação e por definição. Camufladas em meio às outras pessoas, vão ficando para trás. Cada dia a mais é um dia a menos. Nada de planos, passeios nem sonhos. Só um dia de cada vez. Sem ir pra frente nem para trás. A essas pessoas se dão os restos e os rótulos, as bulas e as leituras. E mais margem, mais beira, mais limite. Nem se teme

Carta

Querido meu amor, Como está sendo essa temporada? Já vão trocando as estações e há quase três semanas não tenho notícias suas, a não ser pelo sábado de manhã que te vi passar na rua tão rápido, que só pude conferir que ainda te desejo. São exatamente 434 horas 30 minutos e 06 segundos, 07 segundos, 08 segundos... o tempo tem se arrastado e ainda faltam meses, talvez anos, o tempo que for preciso. Estou esperando, mas preciso te falar dessa inconstância que tem sido algumas dessas horas. Tenho desabafado com todo mundo que posso, é como contar a todos um crime pra não desaparecer no meio da noite e ninguém perceber o por que. Esse é meu medo, me perder sem lutar. E que principalmente você não saiba onde fui ou por que e pense ter sido abandono. Não te abandonaria, nunca abandonei ninguém. E você tem muito mais do meu amor do que muita gente já teve, você nem imagina o quanto. Sei que na verdade essa tempestade não tem nada que ver com você, e isso dói, se dependesse de mi

A face feia do amor...

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A face feia é a dor. De repente tudo dói. Tudo sofre. Tudo sangra. Acordar de manhã deixa de ser um momento de gratidão pra virar dor. Alimentar-me deixou de ser um prazer e virou dor... Ver-me o corpo no espelho, banhar-me passa a ser de uma solidão imensa. E os sorrisos, como custam caro. Um apenas nasce como num parto. Quantos suspiros, e como chove o dia. Só chuva, aguaceiro, lama e raios. Me torno uma pessoa ingrata, desgostosa, calada, exigente, vítima. O amor me deixa feia. Do modo como está. Com a distância, a impossibilidade. Tem sido um desperdício de vida. Uma adolescência fora de época. Bem dramática, como quando os poetas morriam de amar. Sofriam e definhavam por amor, dor... Porém, vejo que toda essa cena, todo espetáculo trágico Logo mais não passará de um pequeno vazio no meio de uma vida perfeita. Capaz de arrastar os dias e os meses. Mas é só não haver entrega que isso passa. As coisas se alinham, limpamos as lentes e tudo pode ser visto com mais clareza

Oráculo da dor

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- Moça - Sempre achei que os oráculos foram feitos para serem consultados e não pra consultar. - Não seja tão arisca. Você age como se tivesse feito algo errado. - Devo ter pego manias de cavalo. - Onde ele está? - Correndo por aí e voltando pra casa ocasionalmente. Continua sendo um animal dócil e livre. - Até que causou menos problemas do que eu esperava. - Você tem estado errado com muita frequência. - Isso quer dizer apenas que você tem enganado a si mesma. Não esqueça que eu não passo de você mesma. - Não esqueço.Não me agrado. Nem sempre estou de acordo. - Enfim, não te chamei para ouvir seus murmúrios. - O que você quer? - Saber. Essa é a minha função. É por isso que você me procura. - Eu não costumo te procurar Oráculo. - Sim, você costuma, e por isso estou aqui. Estou aqui para saber o que pensa estar fazendo com esse rapaz? Longo suspiro. Pausa. - Deixe-o em paz. - Paz? Não sou eu quem o perturba. É você. - O que quer dele? - O que você quer dele? O que ele tem para te o

O dia em que sonhei

Se tive sonhos, era muito menina e não me lembro. Sim, lembro de querer trocar de nome, morar em casas antigas e de ter filhos. Mas não eram sonhos, não quis ser bailarina e nada me apetecia por muito tempo. Só dizia querer muito uma coisa quando percebia que isso agradava, pra agradar sempre me dispus. Mas sonho meu mesmo, se tive não lembro. Você é muito sonhador. Acho que pode ser sua maior qualidade e maior defeito. Se não fosse assim, nunca chegaríamos a ter ficado juntos. Quem em sã consciência insistiria num romance impossível? Só um sonhador. Não sou com certeza a mulher dos seus sonhos. E eu nem sou uma pessoa de sonhos. Não era pelo menos, até ver os seus. E começar a desejá-los. Desejar estar neles e torná-los reais para nós dois. Agora sonho. Dormindo muito pouco, mas sempre acordada. Sonho em estar do seu lado, uma casa, um ninho. E assim descobri por que nunca sonhei antes. Sonhar é um desejo tão forte e tão profundo que conseguimos sentir num nível tal de

Aquiescer

De dormi chorando hoje acordei tranquila. De olhos molhados e brilhantes como quem  gastou quase toda a água que tinha no corpo A cama me pôs no colo às 4 da manhã O cobertor me aninhou quando nem tinha o que aiar mais. Acordei serena, lavei a cabeça e fiquei em silêncio. A água estava quente, o  sol brilhou de leve, o vento foi suave. Foram tantas pequenas gentilezas que me senti obrigada a ser feliz. Até meu cabelo ficou mansinho,  como quem põe a mão e diz: Eu sei, eu sei... Conformada, "...Não há lágrima nem grito:apenas consentimento...".

Evanescência

Sair da linha faz parte de confiar? Ficar fora de controle é normal quando a gente se apaixona? Por que é muito andar numa linha tênue entre a razão e a loucura o que está acontecendo agora. Por que o dia passa tão devagar e a semana tão rápido? Quando que horas foram usadas pra medir distância? Ou pior, pra medir falta de vontade de estar perto? E quando dias contam como numa gestação, tornando algo digno de vida?  Sei que nada disso faz sentido, consigo enxergar a linha de borda quando enlouqueço ao menor sinal de decência e coerência de alguém que não vai falar com quem não parece estar presente.  Mas eu piro mesmo assim. Há algo muito mais filosófico e significativo em estar na linha ou não.  É que minha missa é de corpo presente. E presença eu tenho sempre... eu estou sempre aí,  na linha,  só que na borda, especificamente no limite. O limite entre ser só ser humano ou ser um coração pulsante o tempo todo.Cortante, dramática e profunda. Super-reagindo, super-investindo

Da Confraria dos Trouxas : Se ele.

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http://confrariadostrouxas.com.br/

Mal de mim

Estou repleta, transbordada. Cheia de sorrisos, de suspiros e encantos. Cheia de músicas e que ouço 50 vezes seguidas e outras espero que apareçam aleatoriamente só pra sorrir surpresa mais uma vez. Não sinto muita fome, nem muito sono. As alergias e escaras da minha alma, parecem nem existir. Quase não sinto dor, e minha resistência ao passar do tempo  parece estar no seu ápice. Estou com o corpo quente como se tivesse febre. Porém não me sinto doente, me sinto plena. Inatingível, inabalável, incansável e ao mesmo tempo paciente... E por mais que Eu seja a pessoa desses verbos, não é sobre mim. É exata e excepcionalmente sobre outra pessoa. É sobre confiar. Sobre doar como se aquilo que é dado nunca tivesse sido desprezado por ninguém, ou por mim mesma. É sobre me jogar como se nunca tivesse caído, de olhos fechados. Com a certeza que serei apanhada no ar, mesmo com todo peso. Sobre desarmar exércitos inteiros com as mãos e desatar nós de segurança Para abaixar toda

Hoje

Seria mentira se eu dissesse que estou feliz por que estou apaixonada, não é. Não que não haja pelo que ou por que quem se apaixonar, mas é que tem sido mais do que isso.  Tem sido o inverno, que já desperta em mim uma serenidade, uma vontade de andar, de viver. A ausência do vento quente e do sol escaldante dessa cidade, só se sente algum alivio quando se estiver beira-rio, mas de resto é tudo sol e suor. O verão me cansa, e nele parece morar o ano quase inteiro. Mas além do inverno, tem esse gosto de consciência raleando, de recomeço, restart cognitivo, pensar sobre sentir pela primeira vez não é algo proibido, mas sim recomendado, reforçado e agraciado. Esperei um pouco pra sentir isso. Por ser uma criança acordada não apressava a vida adulta, mas sabia que gostaria de me sentir com menos dúvidas.  Mais uma vez esclareço, não é que não haja mais questões, são tantas agora como sempre foram e serão por muito tempo ainda. Mas é que agora poucas coisas importam poucas pessoas. Depoi

Se for capaz....

"Sorria-me, aproxime-se, toque-me, fale-me, beije-me, desnude-me, desvende-me. Mas com calma, sem pressa, não quero que se assuste ao me conhecer. Às vezes, até eu tenho medo de quem realmente sou. E então depois você me diz se vai ou se fica, se me ama ou me deixa, se é capaz de lidar com o meu eu sem máscara, sem maquiagem, nua de qualquer disfarce, de qualquer fantasia, de tudo o que me impede de ser eu mesma quando estou diante dos demais. Admirar-me de longe enquanto uso máscara, sem tocar, sem sentir, sem conhecer, é fácil e muitos fazem, “que linda”, alguns dizem. Eu quero ver quem tem coragem de chegar perto, de tirar a minha máscara, de me conhecer verdadeiramente, de me desnudar de todo e qualquer enfeite, e mesmo depois de saber quem eu realmente sou continuar ao meu lado e ainda me dizer “você é linda em todos os sentidos”." (De máscara e desnuda - http://confrariadostrouxas.com.br/2014/02/de-mascara-e-desnuda.html - Por Daniela Lusa).
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Anunciação

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Notícia de Jornal "Uma gralha abusada foi flagrada tirando tufos de pelos das costas de um cavalo, na Grã-Bretanha. Segundo o jornal The Sun, todo o trabalho do pássaro é para construir seu ninho. O cavalo já possui uma “falha” nas costas, de onde o pássaro retira os pelos. Engana-se, porém, quem pensa que o cavalo se irrita com tamanho atrevimento, “Ele não parecia tão incomodado assim”, disse o fotógrafo David Offord, que capturou a cena." Fonte:http://brasiluniversodigital.blogspot.com.br/2011/02/fotografo-flagra-passarinho-roubando.html Por que será que o cavalo não sai correndo? A gralha jamais poderia acompanhá-lo, e se ele fosse rápido ela não o seguiria. Não se daria ao trabalho. Encontraria outra coisa. Ela o deixaria ir. Mas pode ser também que ele saiba que não pode ser morada permanente para o pássaro. E assim deixa que ele leve o que pode para que quando chegar hora não fique desabrigado. A gralha será puérpera. E tem muito o que desovar

Releitura

"Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse sempre a novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias" Clarice Lispector Então, na releitura, eu entendi que não vale a pena parar de escrever, por que falar dos meus pensamentos, ou pensar nos meus sentimentos está cansando alguém. Nem por pensar que vai afastar meu leitor, por que, gostaria de não estar tão cansativa, mas estou. E se quiser também tem a opção de não ler. Ou de entender que são pensamentos soltos. Estava aqui pensando sobre a escrita, não sei se melhora ou piora as coisas. E foi aí que fui catar a tal frase 'lispectoriana' que me lembrasse por que comecei. Mas sei que não escrever decerto é um desperdício... não que escreva as coisas mais polidas, bonitas e poéticas do mundo. Mas por que é como prender algo que nasceu pra v

Mais um Oráculo

- Oráculo? - Pois não, moça? - Você viu o meu cavalo? - Como assim? - Você o viu por aí? - Não é uma casa tão grande, nem um animal tão pequeno, você não pode tê-lo perdido. - Você viu ou não? - Depende. - Do que? - Do quanto você quer encontrá-lo. - Muito. - É? O quanto? - Não estou entendendo onde quer chegar com isso. - Quero saber exatamente do que você abriria mão, em troca do tal cavalo. - Do que exatamente quer que eu abra mão? - Das fantasias. - Que fantasias são essas que tanto fala? Oráculo, isso está ficando muito confuso. - Ora moça, desses reinos, dessa... - Pra que? - Para que viva, que comece a dar o que se exige de você, que construa algo e derrube outras coisas. Que esqueça esses inventos e toda a parafernália real que carrega. - Não sei o que você tem que ver com isso. - Tenho que minha função é manter você sã. E olhe só onde estamos, negociando a existência e permanência de um cavalo. Isso parece sanidade para você? - Não sei dessas coisas, Orác

Marcha

As ordens da madrugada romperam por sobre os montes: nosso caminho se alarga sem campos verdes nem fontes. Apenas o sol redondo e alguma esmola de vento quebram as formas do sono com a idéia do movimento. Vamos a passo e de longe; entre nós dois anda o mundo, com alguns mortos pelo fundo. As aves trazem mentiras de países sem sofrimento. Por mais que alargue as pupilas, mais minha dúvida aumento. Também não pretendo nada senão ir andando à toa, como um número que se arma e em seguida se esboroa, - e cair no mesmo poço de inércia e de esquecimento, onde o fim do tempo soma pedras, águas, pensamento. Gosto da minha palavra pelo sabor que lhe deste: mesmo quando é linda, amarga como qualquer fruto agreste. Mesmo assim amarga, é tudo que tenho, entre o sol e o vento: meu vestido, minha música, meu sonho e meu alimento. Quando penso no teu rosto, fecho os olhos de saudade; tenho visto muita coisa, menos a felicidade. Soltam-se os meus dedos ristes, dos sonhos claros que invento. Nem aquilo

Fim.

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Minha mãe sempre me diz que eu tenho péssimo hábito de pensar demais nos meus sentimentos, todo mundo diz isso na verdade. Muito drama, muita tempestade, muita atenção. Quando várias pessoas dizem a mesma coisa, geralmente tem pelo menos um fundo de verdade. Eu tenho certeza de que estão certos. Outra coisa que as pessoas sempre dizem, que eu sou cheia de certezas pra quem viveu tão pouco. Deve ser verdade também. Devo ser, devo ter. Tenho vergonha.Sempre que eu falo fico humilhada. E de pedir ajuda nem pensar, afinal vai passar. Não é? Não vai? Posso não pensar no assunto com toda certeza de que vai passar? Posso deixar de concentrar tanta energia em me manter ativa,  por que é natural que passe? Por que sempre passa? Posso descansar e abaixar a guarda de uma vez por todas? Jogar meus mantras e terapias fora?E as pílulas? E as supervisões? Vocês que dizem, que garantem, permitem? Estão certos disso de que é uma questão de atitude? Posso confiar em vocês?Eu não vou

Hoje

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Hoje eu não tenho nenhuma angústia pra derramar; Nenhuma tristeza, nenhuma ferida de amor aberta. Nenhuma vontade de reabrir velhas feridas, e nenhuma vontade de relembrar dores antigas. Hoje eu não tenho a necessidade de sofrer. Nenhum pavor mórbido do tempo. Não sinto vontade de chorar nem de explorar mágoas. E  nenhuma dor. Nenhuma amargura. Sinto uma calmaria Verde erva-doce. Lilás-lavanda. Azul-manhã. Branco-nuvem. É a manhã de hoje. Hoje me amanheci  esquecida de tudo. Repleta do que finalmente  acho ser a tão falada serenidade. Repleta de um amor de amizade. De cumplicidade e companheirismo. Da certeza da compreensão, da atenção e do cuidado. Sem necessidade de nada a mais.Hoje eu não tenho nem medo que hoje acabe.

Das mulheres.

,o que sei é que. São intempestivas, mas as vezes permanecem longos instantes sem dizer ou expressar nada em suas frontes. São capazes de permanecer paradas no limbo, sem perder sequer o controle por um segundo. Quando chamadas de voltam, trazem um sorriso vago e um retorno digno de uma locomotiva que nunca parou de andar. Aonde vão nesse espaço de tempo, talvez seja um dos maiores segredos do universo. Disso não posso chamar de distração, por que o que distrai está disperso, e não se junta tão rápido, não com tanta calma, consistência e decoro. Não sei o que é isso. Outra coisa que sei delas. É que de um jeito ruidoso elas modificam coisas que não podem ser modificadas Veem o futuro, mudam algo no passado e bagunçam a ordem das coisas. Não respeitam o direito de silencio das entrelinhas. Não sabem esperar. Nunca. Nem aguardam o período natural das coisas. Antecipam o que as coisas e as pessoas serão.  Não dão a nada a chance de ser por essência. Est