Evanescência

Sair da linha faz parte de confiar? Ficar fora de controle é normal quando a gente se apaixona?
Por que é muito andar numa linha tênue entre a razão e a loucura o que está acontecendo agora.
Por que o dia passa tão devagar e a semana tão rápido? Quando que horas foram usadas pra medir distância? Ou pior, pra medir falta de vontade de estar perto? E quando dias contam como numa gestação, tornando algo digno de vida? 
Sei que nada disso faz sentido, consigo enxergar a linha de borda quando enlouqueço ao menor sinal de decência e coerência de alguém que não vai falar com quem não parece estar presente.
 Mas eu piro mesmo assim. Há algo muito mais filosófico e significativo em estar na linha ou não. 
É que minha missa é de corpo presente. E presença eu tenho sempre... eu estou sempre aí,  na linha, 
só que na borda, especificamente no limite. O limite entre ser só ser humano ou ser um coração pulsante o tempo todo.Cortante, dramática e profunda. Super-reagindo, super-investindo, super-estimando.
Ou só se encher de tarefas e leituras e de relações para tentar não pensar em você por um mísero instante que seja. Até voltei a estudar pra não pensar tanto em você, só pra não enlouquecer.
Busquei um novo destino, pra ter paz. Um instante de paz, como era tudo antes da você ter ficado tão parado a minha porta que te deixei entrar sem que nem precisasse bater nela, tocar a campainha. 
Se eu tivesse um minimo de senso de quem sou, de humanidade  e principalmente de equilíbrio, eu te esperaria bater, abriria um pouco da porta e esperaria você dizer o que quer...
Se eu quisesse o que você tinha pra oferecer eu talvez abrisse e permitisse essa entrada.
Talvez você tenha feito isso... só que ao abrir a porta eu pulei a sala de estar  e te levei além, te deixei mexer na minha caixa de segredos, te levei a cozinha, ao quarto e te dei uma cópia da chave.
Não é que ache que fiz errado, é meu jeito de fazer. Mas você deveria saber que era uma armadilha.
Minha mais eficaz arma é a exposição, eu dou tudo que tenho, conto tudo que sei e você vai embora.
Você enjoa de mim e vai, e não preciso te dar as pequenas confianças do dia-a-dia.
As confianças que realmente importam, não dá tempo. O que é nascido, fica podre e cai antes que amadureça. E de filho abortado a gente não sente amor, a gente sente saudade do que poderia ser.
Uma saudade ao contrário, daquilo que não foi vivido. Quando cai peco da árvore, não existe dor se não do desprendimento e da queda.

Quando não cai, quando não morre, aí sim tem sofrimento, 
a insuportável dor de gerar, de amadurecer, a incoerência de saber 
que estou prestes a amar e ser amada de volta. 
Isso é demasiado humano pra mim. E não sei o que fazer.

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