Revelação

 


Eu estou apaixonada, mas não estou fora de mim. 

Há tempos não me sinto tão presente e concisa.

Vejo em cada caco o reflexo de meus desejos e medos.

Algumas lentes tem caído e se quebrado, e uma nova vista se revela.

Se manifestando da forma mais pura possível: em negações, birras, projeções e mecanismos menos ou mais elaborados para me defender e retornar ao conhecido, ao confortável.

No projetor, armo brigas que intuitivamente sei que são um desejo de ser seu foco.

Você me diz o que eu realmente quero. Eu nego. No outro dia a negativa cai.

E quando sai do negativo, em papel brilhante o cenário se revela. 

Só eu não percebi. 

A cena sempre soube de si, o panorama estava claro e luminoso.

Alego ter perdido um detalhe, "eu não tinha percebido, mas me desculpe, agora eu vejo."

Te convido pra uma simbiose que é o conforto de co-depender

Você nega, eu choro. 

Você não vai embora

E eu aprendo. 

Não precisa chorar. Você me diz, não precisa chorar.

Eu alego não ter percebido o detalhe. 

O choro era desnecessário ao cenário. Mas como sou eu quem capto, e eu me coloco assim no mundo, chorando de todo tipo de pulsão, chorar permanece.

Você é muito maior que eu e não é fácil de ajustar na foto. Embora só tenhamos tentado uma vez até agora.    

Porém quando suas lentes encontram as minhas, posso te carregar numa mão

Como aquele 3x4 que você carrega, onde seu pai te carrega orgulhoso.

 

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