Mal de mim

Estou repleta, transbordada.
Cheia de sorrisos, de suspiros e encantos.
Cheia de músicas e que ouço 50 vezes seguidas
e outras espero que apareçam aleatoriamente
só pra sorrir surpresa mais uma vez.
Não sinto muita fome, nem muito sono.
As alergias e escaras da minha alma, parecem nem existir.
Quase não sinto dor, e minha resistência ao passar do tempo
 parece estar no seu ápice.
Estou com o corpo quente como se tivesse febre.
Porém não me sinto doente, me sinto plena.
Inatingível, inabalável, incansável e ao mesmo tempo paciente...
E por mais que Eu seja a pessoa desses verbos, não é sobre mim.
É exata e excepcionalmente sobre outra pessoa.
É sobre confiar. Sobre doar como se aquilo que é dado
nunca tivesse sido desprezado por ninguém, ou por mim mesma.
É sobre me jogar como se nunca tivesse caído, de olhos fechados.
Com a certeza que serei apanhada no ar, mesmo com todo peso.
Sobre desarmar exércitos inteiros com as mãos e desatar nós de segurança
Para abaixar toda a guarda diante do que está para vir.
É como se por na linha de frente de uma guerra inteira.
E se desnudar dos últimos escudos,
É o amor chegando.... apontando no horizonte.
Tendo como única anunciação, sua sombra.
Sombra de um antigo inimigo íntimo.
Com quem tenho andado lado a lado nos últimos anos,
enquanto o mesmo abusa da minha presença e boa fé.
Depois de finalmente me munir de defesas, preciso abandoná-las.
Penso as vezes, só as vezes eu que não vou conseguir, mas preciso.
Esse pensar já são todas as armas, exércitos, e medos resistindo.
Medo da sensação de impotência que sei que vou sentir,
 da certeza de que irei tornar o amor insustentável pra mim e pra você e
por fim, do medo de confiar que você não vai deixar isso acontecer.
É o que tem pra agora, embora quase não o sinta,
o medo ainda é o mal de mim, mate-o, mate-me.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poético

Puerpério

Des-culpa