A face feia do amor...

A face feia é a dor. De repente tudo dói. Tudo sofre. Tudo sangra.
Acordar de manhã deixa de ser um momento de gratidão pra virar dor.
Alimentar-me deixou de ser um prazer e virou dor...
Ver-me o corpo no espelho, banhar-me passa a ser de uma solidão imensa.
E os sorrisos, como custam caro. Um apenas nasce como num parto.
Quantos suspiros, e como chove o dia. Só chuva, aguaceiro, lama e raios.
Me torno uma pessoa ingrata, desgostosa, calada, exigente, vítima.
O amor me deixa feia. Do modo como está. Com a distância, a impossibilidade.
Tem sido um desperdício de vida. Uma adolescência fora de época.
Bem dramática, como quando os poetas morriam de amar.
Sofriam e definhavam por amor, dor...
Porém, vejo que toda essa cena, todo espetáculo trágico
Logo mais não passará de um pequeno vazio no meio de uma vida perfeita.
Capaz de arrastar os dias e os meses. Mas é só não haver entrega que isso passa.
As coisas se alinham, limpamos as lentes e tudo pode ser visto com mais clareza.
Que existem dores maiores, dores reais. E a espera vira uma dádiva. Se amo é por que estou viva.
Se sinto falta, é por que já tive, se tive é por que fui amada de volta.
De amar e ser amado como presente, a recompensa da dor da falta, será a presença
E um dia estarei presente em ti e estarás presente em mim
E juntos viveremos a face bela de amar.A cumplicidade. O eu estar aqui para você.

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