Furei meu dedo num fuso!!!

Estava sentada em um canto da sala vazia...tecendo minha vida
A lã brilhante reluzia ao passar das horas e dos dias, desce o sol...sobe a lua, e o brilho se atenua ao som das estrelas.
O trabalho estava se tornado enfadonho, não derivava prazer nem alegria.
A lã perfeita, o canto confortável, a máquina em bom estado, mas havia algo de errado.
Com os movimentos repetitivos e o tédio já remediado, cochilei.
E furei meu dedo num fuso de uma roca de fiar.
O filete de sangue despontou do meu dedo precipitando-se.
Pingou o vestido, a máquina, o chão!
Envergonhei-me diante dos elementos imaginários, dos seres importantes que pensei que habitassem o meu redor.
Não houve reação só um murmurinho que me pareceu estrondoso, e corri em direção a fonte, para lavar o sangue, mas não deseije livrar-me da ferida.
A caminho da fonte percebi os efeitos do furo do fuso.
A sonolência...a vertigem, e senti por fim o chão.

O brilho da lã, o descer do sol, o subir da lua, o som das estrelas e por fim o sono.
Sono profundo, sem sons, sem roncos, sem gemidos ou sinais de perturbação, só a respiração fraca, quase desistente e distante.

O sono
O encanto
Os sonhos...tudo tornara-se vago.

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